sábado, 24 de janeiro de 2009

Mais uma pista sobre o Mistério

Descobri na Internet este importante texto do renomado crítico de arte Oscar D'Ambrosio, que embora guardando uma certa ambiguidade, parece sugerir no final que Alma Welt é um heterônimo do famoso artista plástico paulistano Guilherme de Faria, de renome internacional. Isto, ao meu ver, justamente é o mais difícil de acreditar.Seria um caso de absoluta genialidade, pois esse pintor é uma destacada figura urbana, de longa carreira nas artes plásticas, já idoso, e sem nenhuma ligação com o Rio Grande do Sul,e muito menos com o Pampa, embora, pelo que verifiquei em seu currículo acessivel na rede, tenha feito nos anos 70 umas duas ou três exposições individuais de seus quadros em Porto Alegre e Novo Hamburgo.
O universo da escritora Alma Welt é tão vasto, profundo e articulado, uma expressão feminina tão autêntica do mundo pampiano, mas de descendentes de alemães, que creio ser mais verossímil a minha teoria de que se trata de um pseudônimo dessa pessoa de nome Lucia Welt, que se auto denomina apropriadamente "Alma", mas com seu sobrenome verdadeiro, germânico, de seus avós paternos, agricultores imigrantes vindos dos Sudetos da Tcheckoslováquia antes da segunda grande Guerra.

Assim, tomo a liberdade de postar aqui o texto do crítico, mas diante de sua evidente ambigüidade, reservando-me o direito de duvidar e continuar investigando o Mistério Alma Welt, que me parece cada vez mais instigante.

GUILHERME DE FARIA (texto de Oscar D'Ambrósio) Ser muitos é ser todos


"Há artistas que quanto mais desvendados perdem o seu encantamento. Existem outros que simplesmente dificultam que esse processo se complete, pois as surpresas se acumulam como véus que, por mais que sejam retirados, apontam para novas camadas de interpretação, num processo infinito em que ser um criador apenas não basta. É necessário ser vários.

Esse processo mental, base da heteronímia, ou seja, da existência de personalidades artísticas próprias, complexas e diferentes entre si, acompanha a obra do poeta português Fernando Pessoa, com suas diversas manifestações em verso, e o artista plástico Rubens Matuck, com distintas criações visuais, que surgem com técnicas diferenciadas.

No caso de Guilherme de Faria, ocorre um fenômeno que articula literatura e artes plásticas. Nascido em 1942, São Paulo, SP, morador do bairro dos Jardins, iniciou sua carreira desde muito cedo como desenhista, ilustrador e gravurista, tendo como um de seus mestres na área o colecionador e artista plástico Giuseppe Baccaro, uma lenda-viva nas galerias de arte paulistanas dos anos 1970.

Portador de um traço ágil, participou de mostras como a I Exposição Jovem Desenho Nacional, no Museu de Arte Contemporânea da USP, em 1965, e, dois anos depois, da IX Bienal de São Paulo, Guilherme vive de sua produção artística desde 1962. Ao ter a obra negociada em leilões, também começou a ver seu nome circulando no meio artístico, passando a ser visto como uma celebridade, embora ainda muito jovem.

É na maneira de retratar a figura feminina que o artista paulistano encontrou uma expressão diferenciada. Há ali muito do gesto da arte oriental, uma espécie de sumiê conceitual, em que a forma de fazer e a elegância do traço são praticamente mais importantes que o resultado final.

O essencial ? e é possível perceber isso ao se admirar os trabalhos ? não está nas imagens criadas, mas na maneira como foram concebidas. Sua arte, no desenho, é a de captar formas com delicadeza, recurso que também utiliza nas litogravuras, que parecem autênticos poemas visuais em que a alma feminina se faz presente em uma plenitude que até choca pela limpeza e pureza plástica.

Já nas pinturas de paisagens, que mesclam um uso de cores quentes próximas ao expressionismo unido ao uso de massas que agradaria ao mestre francês Matisse, as composições revelam uma temperatura mais elevada, com vermelhos e laranjas conquistando o espaço da tela.

A essas facetas de artista plástico, Guilherme de Faria juntou, em 2001, a de cordelista. São mais de 70 textos, ilustrados com xilogravuras dele mesmo, que ficaram incubados desde o início dos anos 1970, quando realizou, numa perua cujo motorista havia sido contratado para recolher mestres violeiros e repentistas, pelo sertão de Pernambuco e Bahia, uma viagem rumo a um congresso desses artistas populares dotados de uma mistura muito peculiar entre dom e técnica.

Guilherme, que, ao colocar um chapéu de couro, literalmente se transforma no heterônimo Adão Ferreira, personagem digno de Guimarães Rosa ao relatar os seus próprios cordéis, não parou nesse ponto sua ligação com a heteronímia. A partir de 2001, dedicou seu trabalho à divulgação da poeta, contista e romancista gaúcha Alma Welt (1972-2007), portadora de nome muito simbólico, já que welt, em alemão significa ?mundo?. Ele se apresenta como lançador, descobridor e prefaciador da obra dessa artista, portadora de riquíssimo universo existencial artístico.

Todavia, é no desenho de suas mulheres que se revela um artista completo. É ali, na maneira de empunhar o pincel e deslizá-lo sobre o papel, que está a sua verdadeira alma no mundo. Todas as mulheres que desenha, nesse aspecto, são Alma Welt. E ele as domina todas, como um Cronos invertido, pois, ao contrário da figura mitológica que engolia seus filhos para controlá-los, Guilherme de Faria vomita almas ? e elas percorrem diversas artes, com suas múltiplas personalidades."




Oscar D'Ambrosio, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil).

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Ah! Afinal um prova?

Comparando a publicação deste soneto no site Overmundo com a publicação que consta no blog O espaço da Irmã da Alma, deparei com uma diferença entre elas no último verso. No Overmundo, está assim: "para glória do humano e seus amores."
O que aconteceu? Qual a versão da "verdadeira" Alma? Ou Lucia aperfeiçoou o verso, depois de publicado no Overmundo... Sim, porque "humores" parece mais interessante no verso.
Vocês, leitores, estão entendendo, não? Porque se Alma Welt faleceu (em 20/01/2007 como afirma Lucia) como pode mudar assim uma palavra num verso seu, de um blog para um site? Uma correção de um descuido?
Estou consciente de que isso não constitui prova conclusiva. Mas sim mais um indício que corrobora as minhas suspeitas.

Profissão de Fé (II) (de Alma Welt)

Ungida no vinhedo dos avós,
Eu sinto que estou legitimada
E desde bem guria consagrada
A dar-me como vinho a todos vós.

Eis-me aqui, poetas e leitores
Nua, branca e bela, sem pudores
Com meus secretos filtros e perfumes,
Há muito devassada pelos lumes

Que lanço sobre mim, ó meus senhores!
Pois já nada escondo e tudo sou
Como a prerrogativa dos atores

E dos poetas, performers e cantores
Que sobem no palco e dão o show
Para glória do humano e seus humores..


08/01/2007

domingo, 11 de janeiro de 2009

Prosseguindo a investigação

Continuando a leitura do blog entitulado "Correspondencia de Lucia Welt e Claudio Bento" publicado pela suposta irmã da Alma (e de "conteúdo adulto") deparei com cartas espantosas que Lucia revela como foi abusada por esse suposto delegado Benotti, que já vinha oprimindo a ela e sua família em incursões intempestivas com seus subordinados lá na estância da família Welt, desde que decidiu investigar a verdadeira causa da morte da Alma. O estupro teria acontecido na própria delegacia da cidade de Rosário do Sul por aquele suposto delegado ( isso é incrível!) Embora descrito de maneira pungente e com detalhes (que atribuo ao talento da narradora), é pouco verossímil. Lucia está a provocar os seus leitores, que, ao que parece, são numerosos. O conteúdo das cartas é tão pungente e constrangedor, que confesso, chega a comover e horrorizar. As mulheres da família Welt, perdão, parecem ser fadadas ao estupro. Ocorreu-me, porém, que a grande escritora, se não estiver revelando com isso um "pathos" de natureza sado-masoquista, estaria sugerindo simbolicamente a condição de vítima da mulher na nossa sociedade, já que ainda é vista como objeto sexual, de desejo, e mercadoria de especulação e cobiça. É bem possivel, já que essa escritora, genial, reconheço, tem uma profundidade de visão que nos autoriza a assim especular.
Entretanto, comparando as descrições de estupro, esparsas na obra assinada por Alma Welt, e a da correspondência da Lucia, detectei a mesma volúpia, indisfarçavel, patente na minuciosidade dos detalhes escabrosos do ato carnal violento. Dir-se-ia que as duas "entidades" encontram um "certo" e mesmo prazer nessas descrições.
Entrementes, devo dizer que, ao identificar, nítido, esse tom, encorajei-me a prosseguir nas minhas investigações.

A Investigação continua

Continuando minha investigação, passei muito tempo lendo o blog denominado "Correspondência entre Lucia Welt e Claudio Bento", e que contém um material espantoso (é bom que se diga esse blog deve ter sido registrado como de "conteúdo adulto" e o leitor encontra uma barreira, para decidir-se a entrar conscientemente). Lucia Welt, a suposta irmã da Alma, publicou ali sua correspondência íntima com um poeta mineiro, que já verifiquei, existe mesmo. Por quê digo "suposta irmã"? É que pela análise que ousei fazer do estilo literário da escrita de Lucia, cheguei à conclusão de que é um estilo muito parecido ao da própria Alma, diga-se de passagem, excelente, belíssimo. Mas corrobora a minha suspeita de que Alma Welt é um pseudônimo da própria Lucia, e que portanto não estaria morta, mas escrevendo muito (e maravilhosamente, reconheço)sonetos que não param de ser encontrados na suposta "arca inesgotável dos inéditos da Alma". Tenho que tirar o chapéu para Lucia Welt. Se eu puder comprovar que Alma Welt e ela são a mesma pessoa, tenho que reconhecer que se trata de dupla genialidade: literária e de marketing. Quanto às cartas, elas revelam que um certo delegado Benotti, de Rosário do Sul (já fiz uma pesquisa e descobri que não existe nem nunca existiu nenhum delegado Benotti naquela cidade) teria estado na estância poucos meses depois da morte da Alma, com a suspeita de que a Alma não se suicidara mas fora assassinada e possivelmente estuprada (!!!). É verdade que Lucia pode ter atribuido outro nome ao delegado para se preservar. Nada é ainda conclusivo. A minha investigação continua.

domingo, 4 de janeiro de 2009


















Pintura de caráter nitidamente iniciático, ou pelo menos simbolista, de autoria do mestre paulistano Guilherme de Faria,que se diz o "descobridor e lançador do fenômeno Alma Welt". À luz das novas informações dadas pelo escritor Rogério Silvério de Farias, que considera a Alma uma "iniciada", encontrei a ponta e começo a puxar o fio desse novelo e agora me encontro no meio de um mistério maior ainda do que eu esperava.(Jungmar Jensen)