domingo, 6 de dezembro de 2009

O Mistério Alma Welt continua

Há poucos dias estabeleceu-se um divertido debate no blog de um escritor chamado Milton Ribeiro, sobre a existência real ou não da grande poetisa Alma Welt. Tentei dar a minha contribuição, ou melhor, a confissão de meu fracasso. Até hoje não pude chegar a uma conclusão satisfatória sobre esse enigma. Mesmo tendo acabado de receber por e.mail, que não pude identificar, este curioso soneto em acróstico falsamente atribuido ao artista plástico e poeta Guilherme de Faria, que questionado por mim negou veementemente a autoria.

Quem sou


Gostariam de saber quem mesmo sou,
Um bardo ou poetisa delicada
Interiorizando um grande show
Literalmente ao longo da jornada.

Herdei, confesso, o estro e o resto
E devo tudo à Alma peregrina
Resoluta, rebelde e feminina,
Mesmo que acabe num protesto

E revolte alguns dúbios sentimentos
Fazendo com que me dêem as costas
Aqueles que choravam meus tormentos,

Rindo também, se alegre estava
Indicando minhas vitórias nas apostas
A que dei tanto valor quando jogava...

sábado, 21 de novembro de 2009

De feiticeiras, sopranos e contraltos (de Alma Welt)

Posto aqui, depois de meses, este incrível soneto da grande poetisa Alma Welt, a quem me rendi, reconhecendo a sua existêcia real, depois de muito "especular", pois tal genialidade só pode ser oriunda de um ser real, que habitou entre nós e continua vivo por sua obra imortal.


De feiticeiras, sopranos e contraltos (de Alma Welt)

Amar, grande mistério, é Deus em nós,
Assim como odiar é o Diabo.
E este dito perdura muito após
O tempo em que o cujo era invocado

Não só a torto e a direito nas igrejas
Mas na cozinha das velhas feiticeiras
Que com a feiúra e nariz de brotoejas
Aqueciam mais que nossas mamadeiras,

Mas asas de morcego e alguns sapos
Com o fio de cabelo de um incauto
Que ousara cuspir nos nossos trapos.

Bah! Miséria... do soprano até o contralto,
Destino da mulher por tantos séculos,
Pernas abertas a sementes e espéculos!...

(sem data)


Notas
Acabo de encontrar na Arca da Alma, este forte e chocante soneto, a meu ver, profundamente feminista.

*...do soprano até o contralto - Alma quer dizer: das mulheres frágeis até as mais fortes.

*...sementes e espéculos - significa a procriação e a tortura (espéculo, hoje em dia um instrumento médico ginecológico, era um instrumento de ferro para torturar mulheres nas masmorras da Inquisição. Sugestivamente, a palavra deriva do latim, speculum = espelho. (Lucia Welt)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Uma solução para o Mistério Alma Welt

Depois de muito investigar e pesquisar os blogs da grande poetisa Alma Welt, que espantosamente proliferam e já são em número de 30 abertos e administrados supostamente por Lucia Welt, a irmã da Alma, cheguei a uma conclusão não menos espantosa:
ALMA WELT VIVE NUMA REALIDADE PARALELA, simultânea e concomitante com a nossa realidade.
Sim, trata-se do PRINCÍPIO DA INCERTEZA, de NIELS BOHR, ou seja, uma decorrência de sua FÍSICA QUÂNTICA.
Segundo esse princípio, Alma Welt, a fabulosa Poetisa maior dos Pampa, morreu e não morreu, como o gato do exemplo dessa Teoria, que está dentro e fora da caixa ao mesmo tempo.
Do ponto de vista espiritual poderíamos dizer que Alma Welt vive num plano astral onde está, e onde se suicidou. É a relatividade do Tempo espiritual, onde podemos estar com ela viva e atuante e sabermos de seu suposto suicídio( pode ser inclusive assassinato, não importa) e a acompanharmos nestes dois tempos simultâneos de sua vida espiritual: o presente e o póstumo. Isso explica porquê aparecem continuamente novos textos da diva gaúcha, sempre impressionantes pela grande qualidade e vivacidade. A vida da Alma, paralela à nossa, é mais real e presente do que a de muita gente que não consegue plasmar o seu espírito na matéria como o fazem os grandes artistas e por isso passam sem deixar rastros duradouros a não ser na memória de seus próximos e amigos.
Essa é a conclusão a que cheguei depois de meses de investigação material. Não posso chegar a outra conclusão, a menos que surja algum dado novo que desminta esta teoria.
(Jungmar Jensen)

PS Deixo aqui meu e.mail para quem puder me enviar algum subsídio à minha pesquisa ou outra teoria sobre o Mistério Alma Welt, mesmo que conflitante com a que ora adotei.

jungmar.jensen8@gmail.com

sexta-feira, 27 de março de 2009

Ah! Uma prova!

Creio ter descoberto mais do que uma evidência, mas uma prova mesma de que Alma Welt, isto é, a pessoa que escreve sob esse pseudônimo está viva e escrevendo e portanto não suicidou-se ou foi morta, como anunciado, em 20/01-2007, pois este texto que já atingiu mais de mil leituras no Texto Livre foi publicado este ano e se a Alma morreu em 2007, portanto há dois anos, não poderia saber do episódio citado no texto e que se passou há um ano, no dia 14 de março de 2008 (inclusive há um erro na afirmação de que foi a polícia militar que cometeu tal barbaridade, pois foram militares mesmo, um tenente e soldados. De qualquer forma, a pessoa, possivelmente a que se assina Lucia Welt, e que posta os textos da Alma naquele Portal, fugindo aos gêneros onde a "Alma" é mais forte, foi quem cometeu esses erros e traiu-se. Vejam o texto que descobri lá no Texto Livre sob o título de:

Ter, 17 de Fevereiro de 2009 14:12
Considerações realistas, conquanto “politicamente incorretas” ( de Alma Welt)

Sobre a Polícia
"As pessoas comuns ingenuamente cobram da polícia proteção e até mesmo uma espécie de justiça preliminar. Entretanto isso é um equívoco, pois a raíz histórica da criação dessa instituição está na Guarda Pessoal dos reis, desde a antiguidade. No Império Romano, estava na Guarda Pretoriana dos Césares. A polícia portanto foi criada com a finalidade de reprimir e controlar o povo em proveito dos nobres (ou das elites). Isto ficou no "inconsciente coletivo" de qualquer policial individualmente, que no momento da escolha protegerá sempre o mais forte (vejam o caso da polícia militar que entregou três rapazes da favela na mão dos traficantes para serem torturados e mortos)"

(Alma Welt)

Trata-se de provar agora de que Lucia Welt e Alma Welt são a mesma pessoa, que está viva. Naturalmente continuo a render minha homenagens a este escritor(a) de grande talento, de gênio mesmo.

terça-feira, 10 de março de 2009

Mais um indício (ou impropriedade)


Moira (ou A Morte)- desenho do mestre Guilherme de Faria (um dos possíveis criadores da genial Alma Welt)


Lucia Welt(?) publicou durante o Carnaval este belíssimo soneto da Alma, em que, entretanto, julgo enxergar algumas impropriedades.

AS MINHAS RESTRIÇÕES SÃO AS SEGUINTES: NÃO ENCONTREI EM NENHUM LUGAR NA INTERNET NENHUMA OUTRA REFERÊNCIA A ESTE "TRADICIONAL PÔQUER DE MÁSCARAS DE VENEZA". PARECE-ME SER UMA INVENÇÃO, ENGENHOSA, RECONHEÇO, DA PRÓPRIA PESSOA QUE ESCREVE ESSES GENIAIS "SONETOS DA ALMA". O GRANDE JORGE LUIS BORGES JÁ FAZIA ISSO, DE SE REFERIR A FATOS E AUTORES IMAGINÁRIOS, COMO SE FOSSEM VERDADEIROS, COM GRANDE VEROSSIMILHANÇA.

MAS NÃO ME PARECE VEROSSÍMIL QUE HAJA MEMBROS DA MÁFIA, COMO LÚCIA SE REFERIU EM SUA NOTA, JOGANDO ESSE PÔQUER MASCARADO NUM PALÁCIO VENEZIANO DURANTE O CARNAVAL. LEMBREMOS QUE VENEZA É BEM AO NORTE DA ITÁLIA, REGIÃO MUITO DISTANTE DA ATUAÇÃO DA MÁFIA SICILIANA, QUE PODE AGIR MAIS PROVAVELMENTE NO SUL DA PENÍNSULA, EMBORA TENHAM SE INFILTRADO NO ESTADOS UNIDOS A PARTIR DO COMEÇO DO SÉCULO XX.


Pôquer de máscaras (de Alma Welt)

Em torno da mesa, mascarados
Camuflam os olhares e a esperteza,
Os meneios sutis, inusitados
Deste antigo pôquer de Veneza.

É pleno Carnaval, e os jogadores
Reunidos num salão abobadado,
Palácio de outra era, de outras dores,
Num tempo que parece retornado

Desdêmona passou de tranças feitas,
Feliz, antes da Noite das suspeitas,
E Giacomo, depois, como aprendiz

De aventureiro e sedutor empedernido
Sob a máscara de fálico nariz
Que tanto coração deixou perdido.

25/02/2005

Nota
Alma assistiu uma vez, em Veneza, em pleno Carnaval, num palácio sobre o Grande Canal, um tradicional jogo de pôquer mascarado, de que Rodo participou. Alma em longo vestido de época, armado, com magnífica máscara branca e um grande leque de plumas, deslisava por ali, à volta da mesa (diga-se de passagem: auxiliando nosso irmão no blefe). Ela jamais se esqueceria dessa experiência que fez seu espírito vagar por outras eras, naquela misteriosa e romântica cidade. Pouco depois, retornada ao Brasil ela me declamou esse soneto. Agora, como estamos no Carnaval me lembrei dele e fui procurá-lo na montanha de papéis de sua arca. Encontrei-o afinal, oportuno, pois Rodo se encontra em Veneza e me enviou um postal dizendo que está participando novamente desse tradicional e exclusivo pôquer de máscaras, em que se senta ao lado de banqueiros, magnatas, e eventualmente, até... chefões da Máfia (não posso deixar que a preocupação me tome...)

*Desdêmona passou de tranças feitas- Alma sugere com este verso que a mulher de Otelo, vagou por esse salão quando donzela, solteira (de tranças) feliz , antes de começar o tempo das terríveis suspeitas, dos cíúmes, de seu futuro marido, o Mouro de Veneza.


Alma-Desdêmona (desenho de Guilherme de Faria)


*Giacomo, depois, como aprendiz- Alma se refere ao famoso sedutor veneziano, Giacomo Casanova, do século XVIII, de época bem posterior à de Desdêmona (século XV), e que começou sua carreira de aventureiro ainda jovem na sua Veneza natal, nas mesas de pôquer, onde conseguia se aproximar dos nobres e da "elite" financeira, que logo o encarcerou, pois ele roubava no jogo com a ajuda das mulheres desses nobres, as quais ele seduzia. Casanova foi condenado à morte, mas conseguiu fugir da prisão sobre o canal (vide a "Ponte dos Suspiros") e ficou exilado de Veneza para o resto da vida, vagando pelo salões da Europa.


NOTA DESTE BLOGUEIRO:
LUCIA ERROU AO SE REFERIR À CONDENAÇÂO À MORTE DO AVENTUREIRO VENEZIANO. CASANOVA NÃO FOI CONDENADO À MORTE, MAS SIM A CINCO ANOS DE PRISÃO. REALMENTE ELE FUGIU DE MANEIRA MIRABOLANTE DA PRISÃO, MAS NÃO PERMANECEU EXILADO PARA O RESTO DE SUA VIDA. ELE RETORNOU A VENEZA DEPOIS DE MUITOS ANOS, MAS POR NOVAS FALCATRUAS TEVE QUE NOVAMENTE FUGIR, E AÍ, SIM, NUNCA MAIS RETORNOU.
TAMBÉM É POUCO PROVÁVEL QUE ALMA WELT (SE ELA EXISTIU)AJUDASSE SEU IRMÃO RODO A ROUBAR, VAGANDO PELA SALA EM TORNO DA MESA DE JOGO, COMO A LUCIA REFERIU. VERDADEIROS JOGADORES DE PÔQUER PERCEBERIAM E NÃO TOLERARIAM ISSO. ALMA E SEU IRMÃO SERIAM ATIRADOS NA RUA, SE NÃO LEVASSEM UMA SURRA, MESMO NÃO HAVENDO "MAFIOSOS" NO JOGO.
MAS RECONHEÇO NOVAMENTE QUE MINHAS SUSPEITAS CONTINUAM INCONCLUSIVAS, POIS SE PODERIA SEMPRE ARGUMENTAR QUE TUDO ISSO SÃO LICENÇAS POÉTICAS, OU DETALHES FICCIONAIS, IMAGINATIVOS, PORTANTO VÁLIDOS, EMBORA IMPROVÁVEIS.
CONTINUAREI VIGIANDO E INVESTIGANDO.

Novos Indícios


Foto da suposta "Arca da Alma"

Lucia Welt (?), a irmã da poetisa Alma Welt, publicou há uma semana quatro fotos dessa suposta "arca da Alma", que teria sido descoberta "num dos sotãos" do casarão da estância da familia Welt, lá na Pampa gaúcha. Entretanto, julgo suspeitos os seguintes detalhes, que não escaparam à minha observação minuciosa: O laço de couro cru trançado, é pelas suas dimensões e grossura (pelo menos a olho nu) um laço de criança, isto é, daqueles que se vendem para turistas. Também a cuia de chimarrão, que não tem igualmente porquê estar ali, na foto, sobre a arca, é um exemplar de ornamento, não dos que se usam no dia a dia, e sim uma típica cuia de borda de prata, para venda a turistas, para se colocar como ornamento, nunca aquelas mais simples usadas pelos gaúchos autênticos.
Reconheço, entretanto que estas pistas são também inconclusivas, pois poder-se-ia argumentar que justamente estariam na arca por essa razão, desde o tempo do velho Joachim Welt, o suposto avô da Alma, que não era um gaúcho, mas sim um "boche arrivista" como a própria Alma se referia aludindo à expressão como era designado esse alemão imigrado, que chegara ali via longo estágio, de décadas, em colônias agrícolas do Vale do Itajaí, em Santa Catarina.
O laço de criança seria algum em que a Alma aprendeu a laçar em criança? Ou melhor, o que o Rodo usou para laçar a sua irmãzinha neste belo (e erótico) soneto?:

A vitela (de Alma Welt)
(119)

Entre minhas lembranças da infância
Está aquele dia inusitado
Em que no prado e à distância,
Fui laçada e derrubada feito gado

Pelo meu irmão que quis mostrar
Que havia aprendido a laçar:
Enroscada pelos pés me vi caída,
Nem assim querendo dar-me por vencida.

Mas com o laço amarrou-me bem veloz
As mãos como se fora uma vitela,
Levantando meu vestido até a costela,

E estando eu de quatro como rês
Rasgou-me a calcinha pelo cós...
Haja soneto pra contar o que ele fez!

03/09/2006


Sim, poderia ser este o laço fotografado sobre a Arca, pois Alma poderia guardá-lo como uma lembrança desse episódio na arca de seus originais manuscritos. Reconheço, pois, que meus "indícios" são vagos e inconclusivos e ainda não encontrei verdadeiras provas para minha tese. Mas justamente por essas dificuldades é que o caso se configura misterioso. O "mistério Alma Welt", que hei de desvendar.

Ah! Notei também que a foto é nitidamente editada, pelo menos cortada, não está em suas proporções originais. Por quê? Também me parece suspeita a maneira com que os cadernos estão dispostos, cobrindo cuidadosamente todo o assoalho. Suponho que o assoalho de um sótão de casarão pampiano antigo deva ser de tábuas grossas e corridas. Aqui parece a tentativa de disfarçar, de não apresentar o assoalho em nenhuma das quatro fotos. Seria, na verdade, um assoalho de tacos, de apartamento urbano?

sábado, 24 de janeiro de 2009

Mais uma pista sobre o Mistério

Descobri na Internet este importante texto do renomado crítico de arte Oscar D'Ambrosio, que embora guardando uma certa ambiguidade, parece sugerir no final que Alma Welt é um heterônimo do famoso artista plástico paulistano Guilherme de Faria, de renome internacional. Isto, ao meu ver, justamente é o mais difícil de acreditar.Seria um caso de absoluta genialidade, pois esse pintor é uma destacada figura urbana, de longa carreira nas artes plásticas, já idoso, e sem nenhuma ligação com o Rio Grande do Sul,e muito menos com o Pampa, embora, pelo que verifiquei em seu currículo acessivel na rede, tenha feito nos anos 70 umas duas ou três exposições individuais de seus quadros em Porto Alegre e Novo Hamburgo.
O universo da escritora Alma Welt é tão vasto, profundo e articulado, uma expressão feminina tão autêntica do mundo pampiano, mas de descendentes de alemães, que creio ser mais verossímil a minha teoria de que se trata de um pseudônimo dessa pessoa de nome Lucia Welt, que se auto denomina apropriadamente "Alma", mas com seu sobrenome verdadeiro, germânico, de seus avós paternos, agricultores imigrantes vindos dos Sudetos da Tcheckoslováquia antes da segunda grande Guerra.

Assim, tomo a liberdade de postar aqui o texto do crítico, mas diante de sua evidente ambigüidade, reservando-me o direito de duvidar e continuar investigando o Mistério Alma Welt, que me parece cada vez mais instigante.

GUILHERME DE FARIA (texto de Oscar D'Ambrósio) Ser muitos é ser todos


"Há artistas que quanto mais desvendados perdem o seu encantamento. Existem outros que simplesmente dificultam que esse processo se complete, pois as surpresas se acumulam como véus que, por mais que sejam retirados, apontam para novas camadas de interpretação, num processo infinito em que ser um criador apenas não basta. É necessário ser vários.

Esse processo mental, base da heteronímia, ou seja, da existência de personalidades artísticas próprias, complexas e diferentes entre si, acompanha a obra do poeta português Fernando Pessoa, com suas diversas manifestações em verso, e o artista plástico Rubens Matuck, com distintas criações visuais, que surgem com técnicas diferenciadas.

No caso de Guilherme de Faria, ocorre um fenômeno que articula literatura e artes plásticas. Nascido em 1942, São Paulo, SP, morador do bairro dos Jardins, iniciou sua carreira desde muito cedo como desenhista, ilustrador e gravurista, tendo como um de seus mestres na área o colecionador e artista plástico Giuseppe Baccaro, uma lenda-viva nas galerias de arte paulistanas dos anos 1970.

Portador de um traço ágil, participou de mostras como a I Exposição Jovem Desenho Nacional, no Museu de Arte Contemporânea da USP, em 1965, e, dois anos depois, da IX Bienal de São Paulo, Guilherme vive de sua produção artística desde 1962. Ao ter a obra negociada em leilões, também começou a ver seu nome circulando no meio artístico, passando a ser visto como uma celebridade, embora ainda muito jovem.

É na maneira de retratar a figura feminina que o artista paulistano encontrou uma expressão diferenciada. Há ali muito do gesto da arte oriental, uma espécie de sumiê conceitual, em que a forma de fazer e a elegância do traço são praticamente mais importantes que o resultado final.

O essencial ? e é possível perceber isso ao se admirar os trabalhos ? não está nas imagens criadas, mas na maneira como foram concebidas. Sua arte, no desenho, é a de captar formas com delicadeza, recurso que também utiliza nas litogravuras, que parecem autênticos poemas visuais em que a alma feminina se faz presente em uma plenitude que até choca pela limpeza e pureza plástica.

Já nas pinturas de paisagens, que mesclam um uso de cores quentes próximas ao expressionismo unido ao uso de massas que agradaria ao mestre francês Matisse, as composições revelam uma temperatura mais elevada, com vermelhos e laranjas conquistando o espaço da tela.

A essas facetas de artista plástico, Guilherme de Faria juntou, em 2001, a de cordelista. São mais de 70 textos, ilustrados com xilogravuras dele mesmo, que ficaram incubados desde o início dos anos 1970, quando realizou, numa perua cujo motorista havia sido contratado para recolher mestres violeiros e repentistas, pelo sertão de Pernambuco e Bahia, uma viagem rumo a um congresso desses artistas populares dotados de uma mistura muito peculiar entre dom e técnica.

Guilherme, que, ao colocar um chapéu de couro, literalmente se transforma no heterônimo Adão Ferreira, personagem digno de Guimarães Rosa ao relatar os seus próprios cordéis, não parou nesse ponto sua ligação com a heteronímia. A partir de 2001, dedicou seu trabalho à divulgação da poeta, contista e romancista gaúcha Alma Welt (1972-2007), portadora de nome muito simbólico, já que welt, em alemão significa ?mundo?. Ele se apresenta como lançador, descobridor e prefaciador da obra dessa artista, portadora de riquíssimo universo existencial artístico.

Todavia, é no desenho de suas mulheres que se revela um artista completo. É ali, na maneira de empunhar o pincel e deslizá-lo sobre o papel, que está a sua verdadeira alma no mundo. Todas as mulheres que desenha, nesse aspecto, são Alma Welt. E ele as domina todas, como um Cronos invertido, pois, ao contrário da figura mitológica que engolia seus filhos para controlá-los, Guilherme de Faria vomita almas ? e elas percorrem diversas artes, com suas múltiplas personalidades."




Oscar D'Ambrosio, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil).

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Ah! Afinal um prova?

Comparando a publicação deste soneto no site Overmundo com a publicação que consta no blog O espaço da Irmã da Alma, deparei com uma diferença entre elas no último verso. No Overmundo, está assim: "para glória do humano e seus amores."
O que aconteceu? Qual a versão da "verdadeira" Alma? Ou Lucia aperfeiçoou o verso, depois de publicado no Overmundo... Sim, porque "humores" parece mais interessante no verso.
Vocês, leitores, estão entendendo, não? Porque se Alma Welt faleceu (em 20/01/2007 como afirma Lucia) como pode mudar assim uma palavra num verso seu, de um blog para um site? Uma correção de um descuido?
Estou consciente de que isso não constitui prova conclusiva. Mas sim mais um indício que corrobora as minhas suspeitas.

Profissão de Fé (II) (de Alma Welt)

Ungida no vinhedo dos avós,
Eu sinto que estou legitimada
E desde bem guria consagrada
A dar-me como vinho a todos vós.

Eis-me aqui, poetas e leitores
Nua, branca e bela, sem pudores
Com meus secretos filtros e perfumes,
Há muito devassada pelos lumes

Que lanço sobre mim, ó meus senhores!
Pois já nada escondo e tudo sou
Como a prerrogativa dos atores

E dos poetas, performers e cantores
Que sobem no palco e dão o show
Para glória do humano e seus humores..


08/01/2007

domingo, 11 de janeiro de 2009

Prosseguindo a investigação

Continuando a leitura do blog entitulado "Correspondencia de Lucia Welt e Claudio Bento" publicado pela suposta irmã da Alma (e de "conteúdo adulto") deparei com cartas espantosas que Lucia revela como foi abusada por esse suposto delegado Benotti, que já vinha oprimindo a ela e sua família em incursões intempestivas com seus subordinados lá na estância da família Welt, desde que decidiu investigar a verdadeira causa da morte da Alma. O estupro teria acontecido na própria delegacia da cidade de Rosário do Sul por aquele suposto delegado ( isso é incrível!) Embora descrito de maneira pungente e com detalhes (que atribuo ao talento da narradora), é pouco verossímil. Lucia está a provocar os seus leitores, que, ao que parece, são numerosos. O conteúdo das cartas é tão pungente e constrangedor, que confesso, chega a comover e horrorizar. As mulheres da família Welt, perdão, parecem ser fadadas ao estupro. Ocorreu-me, porém, que a grande escritora, se não estiver revelando com isso um "pathos" de natureza sado-masoquista, estaria sugerindo simbolicamente a condição de vítima da mulher na nossa sociedade, já que ainda é vista como objeto sexual, de desejo, e mercadoria de especulação e cobiça. É bem possivel, já que essa escritora, genial, reconheço, tem uma profundidade de visão que nos autoriza a assim especular.
Entretanto, comparando as descrições de estupro, esparsas na obra assinada por Alma Welt, e a da correspondência da Lucia, detectei a mesma volúpia, indisfarçavel, patente na minuciosidade dos detalhes escabrosos do ato carnal violento. Dir-se-ia que as duas "entidades" encontram um "certo" e mesmo prazer nessas descrições.
Entrementes, devo dizer que, ao identificar, nítido, esse tom, encorajei-me a prosseguir nas minhas investigações.

A Investigação continua

Continuando minha investigação, passei muito tempo lendo o blog denominado "Correspondência entre Lucia Welt e Claudio Bento", e que contém um material espantoso (é bom que se diga esse blog deve ter sido registrado como de "conteúdo adulto" e o leitor encontra uma barreira, para decidir-se a entrar conscientemente). Lucia Welt, a suposta irmã da Alma, publicou ali sua correspondência íntima com um poeta mineiro, que já verifiquei, existe mesmo. Por quê digo "suposta irmã"? É que pela análise que ousei fazer do estilo literário da escrita de Lucia, cheguei à conclusão de que é um estilo muito parecido ao da própria Alma, diga-se de passagem, excelente, belíssimo. Mas corrobora a minha suspeita de que Alma Welt é um pseudônimo da própria Lucia, e que portanto não estaria morta, mas escrevendo muito (e maravilhosamente, reconheço)sonetos que não param de ser encontrados na suposta "arca inesgotável dos inéditos da Alma". Tenho que tirar o chapéu para Lucia Welt. Se eu puder comprovar que Alma Welt e ela são a mesma pessoa, tenho que reconhecer que se trata de dupla genialidade: literária e de marketing. Quanto às cartas, elas revelam que um certo delegado Benotti, de Rosário do Sul (já fiz uma pesquisa e descobri que não existe nem nunca existiu nenhum delegado Benotti naquela cidade) teria estado na estância poucos meses depois da morte da Alma, com a suspeita de que a Alma não se suicidara mas fora assassinada e possivelmente estuprada (!!!). É verdade que Lucia pode ter atribuido outro nome ao delegado para se preservar. Nada é ainda conclusivo. A minha investigação continua.

domingo, 4 de janeiro de 2009


















Pintura de caráter nitidamente iniciático, ou pelo menos simbolista, de autoria do mestre paulistano Guilherme de Faria,que se diz o "descobridor e lançador do fenômeno Alma Welt". À luz das novas informações dadas pelo escritor Rogério Silvério de Farias, que considera a Alma uma "iniciada", encontrei a ponta e começo a puxar o fio desse novelo e agora me encontro no meio de um mistério maior ainda do que eu esperava.(Jungmar Jensen)