terça-feira, 10 de março de 2009

Novos Indícios


Foto da suposta "Arca da Alma"

Lucia Welt (?), a irmã da poetisa Alma Welt, publicou há uma semana quatro fotos dessa suposta "arca da Alma", que teria sido descoberta "num dos sotãos" do casarão da estância da familia Welt, lá na Pampa gaúcha. Entretanto, julgo suspeitos os seguintes detalhes, que não escaparam à minha observação minuciosa: O laço de couro cru trançado, é pelas suas dimensões e grossura (pelo menos a olho nu) um laço de criança, isto é, daqueles que se vendem para turistas. Também a cuia de chimarrão, que não tem igualmente porquê estar ali, na foto, sobre a arca, é um exemplar de ornamento, não dos que se usam no dia a dia, e sim uma típica cuia de borda de prata, para venda a turistas, para se colocar como ornamento, nunca aquelas mais simples usadas pelos gaúchos autênticos.
Reconheço, entretanto que estas pistas são também inconclusivas, pois poder-se-ia argumentar que justamente estariam na arca por essa razão, desde o tempo do velho Joachim Welt, o suposto avô da Alma, que não era um gaúcho, mas sim um "boche arrivista" como a própria Alma se referia aludindo à expressão como era designado esse alemão imigrado, que chegara ali via longo estágio, de décadas, em colônias agrícolas do Vale do Itajaí, em Santa Catarina.
O laço de criança seria algum em que a Alma aprendeu a laçar em criança? Ou melhor, o que o Rodo usou para laçar a sua irmãzinha neste belo (e erótico) soneto?:

A vitela (de Alma Welt)
(119)

Entre minhas lembranças da infância
Está aquele dia inusitado
Em que no prado e à distância,
Fui laçada e derrubada feito gado

Pelo meu irmão que quis mostrar
Que havia aprendido a laçar:
Enroscada pelos pés me vi caída,
Nem assim querendo dar-me por vencida.

Mas com o laço amarrou-me bem veloz
As mãos como se fora uma vitela,
Levantando meu vestido até a costela,

E estando eu de quatro como rês
Rasgou-me a calcinha pelo cós...
Haja soneto pra contar o que ele fez!

03/09/2006


Sim, poderia ser este o laço fotografado sobre a Arca, pois Alma poderia guardá-lo como uma lembrança desse episódio na arca de seus originais manuscritos. Reconheço, pois, que meus "indícios" são vagos e inconclusivos e ainda não encontrei verdadeiras provas para minha tese. Mas justamente por essas dificuldades é que o caso se configura misterioso. O "mistério Alma Welt", que hei de desvendar.

Ah! Notei também que a foto é nitidamente editada, pelo menos cortada, não está em suas proporções originais. Por quê? Também me parece suspeita a maneira com que os cadernos estão dispostos, cobrindo cuidadosamente todo o assoalho. Suponho que o assoalho de um sótão de casarão pampiano antigo deva ser de tábuas grossas e corridas. Aqui parece a tentativa de disfarçar, de não apresentar o assoalho em nenhuma das quatro fotos. Seria, na verdade, um assoalho de tacos, de apartamento urbano?

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